Da força do "polvo" à razão desportiva.

1 - Síntese da questão
O FCPorto foi excluído da Liga dos Campeões, na sequência de uma penalização do CD da Liga P. de Futebol, com base em factos occoridos em 2003/04, protagonizados entre aquele clube e arbitros de futebol relativamente a jogos em que aquele clube e árbitros participaram. O apuramento destes factos demorou, dificultado pela acção portista junto das diversas entidades com influência no andamento dos processos e tambem pela falta de vontade evidente de quem de direito, os órgãos de decisão desportiva, na parte ou no todo, investigarem a matéria suspeita e decidirem. Decorreu todo o tempo que sabemos, e finalmente foi anunciada a decisão.
A CD da Liga anunciou as penalizações aos prevaricadores. No caso, em apreço, o FCPorto e o seu Presidente, Pinto da Costa. O clube não recorreu ao que lhe foi imputado, logo aceitou o castigo, o que equivale a assumir a culpa. Pinto da Costa recorreu e ainda está por conhecer o resultado do recurso.
Se internamente a questão estava resolvida, de uma forma, até gozona (não ganhamos com 20 de avanço, ganhamos com 14), pelo presidente dos portistas, outrotanto a nível da UEFA a coisa fiava mais fino, já que existia um regulamento que impedia a participação em provas uefeiras a clubes envolvidos em casos de corrupção, ou que tenham estado.
2 - Aspectos relevantes
Da parte do FCPorto e do seu presidente, que tudo prevê e nada deixa ao acaso, a argumentação muda à medida que o processo avança de fase em fase. Manifestou e manifesta que nunca teve medo de nada e anda sempre de consciência tranquila. Mas preferiu: ver chefias da PJ portuense substituidos, processos arquivados, e outras "manigâncias" menos visíveis ao comum dos mortais, não recorrer da decisão do CD da Liga, que falar no local certo, os tribunais, e demonstrar a sua inocência e consagrar aquilo que diz, (como bravata) que os ratos é que fogem (declarações à SIC enquanto suspenso da sua actividade desportiva).
Da parte de Madaíl, FPF, depois de gorada a tentativa de pedir equidade e de permitir um apenso ao processo enviado à UEFA, profere declarações dúbias que mais parecem querer: que o tráfico de influências encapotadas continue e que não seja a verdade da justiça desportiva o mais importante no nosso futebol.
É que Madaíl parece querer ignorar que há regras no futebol interno a cumprir. E por quem as infringe. Mas se há beneficiados, são as circunstancias que mandam. Não há condenação que se faça (imparcialmente) para beneficiar entre terceiros, este ou aquele clube.
3 - A força do "polvo"
Mas enquanto os actos já foram aceites pelo clube, como é conhecimento público, e a tentação de Madaíl (FPF) em subverter o processo é de admitir, o desespero da defesa chega lá fora. É o polvo a estender os seus tentáculos. Nem escondem o recurso a lobis corporativistas, como se as regras e os órgãos internos não vinculassem ninguém. Para Pinto da Costa é patente a escolha do método, em força e em quantidade quando a intervenção escondida não resulta.
Sintomático o que revela o JN de hoje.
"Estamos a acompanhar a situação a par e passo, desde o início, e entendemos que a decisão da UEFA não tem justificação", sublinhou Raul Sanllehí, sustentando que o objectivo é "fazer lóbi" a favor dos tricampeões nacionais. "Os factos ainda não estão provados, pois o caso não transitou em julgado", lembrou. De recordar que o aparecimento do G-14, entidade que agrupava uma boa parte dos clubes do top europeu, incluindo o F. C. Porto, se deveu, precisamente, à necessidade de afrontar a UEFA e cuidar dos interesses das equipas, em contraponto com várias das teses apresentadas pela estrutura sediada em Nyon.
4 - Lógica
Declarações pressionantes de um lobista, facilmente comprováveis, que apenas têm em conta a versão portista dos acontecimentos, logo longe de quererem justiça. Mas que qualquer entidade competente e justa, face ao processo, desmantelará. Não tenho formação jurista, mas a lógica ninguém a consegue esconder. E a justiça da UEFA não quiz, e condenou. A não ser que sobre outro órgão, ...lobimente... consigam. Mas isso daria pano para mangas.